Olhar de uma Peregrina

“Aonde fica a saída?", Perguntou Alice ao gato que ria. ”Depende”, respondeu o gato.

”De quê?”, replicou Alice; ”Depende de para onde você quer ir...”

[Lewis Carroll]

...Sempre haverá uma fronteira a ser transposta...sigo descalça, colhendo com os olhos o que cabe nas mãos e saboreando com a alma o que consigo transmutar...meu maior desafio será não deixar pegadas e levar, apenas, o necessário...


[Venha...Vá...]

[Venha...Vá...]
...Venha...Vá...Leve daqui tudo com que se identifica...Embora nada inteiramente nos pertença...Leve tudo que considera Seu...Nosso... Guarde apenas uma advertencia: Não iluda-se que ao levar-me...poderá por algum momento ser Eu...pois isso...nem Eu mesma...muitas vezes...sei se-lo...

domingo, 1 de julho de 2012

[Partes I]


Tudo tem um tempo certo.  Eu chamo isso de maturação.
Hoje acredito que a vida seja só um minuto de algo que nos acostumamos a nominar por “passagem do um tempo”. Estamos e somos infinitamente.
Sempre recebi sinais de que não somos apenas “isso” e pouco sabia interpretar e creio que ainda não o saiba direito. Aliás, creio que todos recebam, mas, muitas vezes a prioridade pessoal seja outra e então, esses ecos se perdem esquecidos em nós.
Fui criança que teve chance de passar boa parte da infância na “roça”, na caatinga, na beira do rio, no pasto. Acolhi bichos de pé e até berne. Sei o que é ser picada por abelha, mosquitos e a ter cuidado com rastro de cobra. Aprendi a conhecer as estações e conhecer o que cada uma traz; a saber olhando o sol se teremos chuva, a conhecer o cheiro do vento. Como toda criança, fui perversa, cacei passarinhos, pelo simples prazer de testar a minha boa pontaria e a jogar sal nas costas do sapo só pelo prazer de vê-los pular bem alto. Tomei água de cacimba, banho na beira do rio, leite tirado da hora e comida cozida no fogão de lenha. Minhas enfermidades de criança, não muitas, foram afastadas muitas vezes por benzedeiras, banhos de ervas e chás. Aprendi a ter respeito por algo que não compreendia, mas que sabia ser divino, em casa, no quartinho dos santos – católicos. Minha cultura material social e religiosa foi sempre vasta e interdisciplinar. Aprendi a rezar o terço e a ter fé no poder da natureza. Creio, que não pouco diferente das pessoas que tem origem do interior.
Hoje não saberia dizer se todo esse contado com a cultura popular em conjunto com cultura massificada da cidade, tenham me confundido e ao mesmo tempo, me feito ser tão curiosa e aberta a novos conhecimentos. Meus questionamentos vieram precocemente e em muitas portas entrei, olhei, esmiucei, discordei e aprendi.
Depois de muito vagar, comecei a compreender que algumas pessoas conseguem se conectar com um “algo além” do palpável, coisas que se fundem entre o inimaginável e o sensível num piscar de olhos. Por essas minhas percepções, pude ser testemunha de que existe um “algo” mais para além do que podemos ver.
Para uma criança não é fácil entender que a sua visão seja expandida, que o universo possa lhe murmurar ao pé do ouvido de forma tão íntima. Para um adulto também não! Algumas experiências são sofríveis, outras indescritíveis. Mas, tudo isso só lhe reforça que voce precisa ir mais além.
Desfiaria aqui um rol de experiências que beiram as raias da loucura, e que muitas vezes tive até medo de compartilhar, temendo ser caracterizado como acessos de loucura. Mas, os que me rodeavam, passaram a ter respeito por aquilo que não compreendiam, mas que, de certa forma não deixava de ser a minha realidade.
E por que lhes conto isso? Bem, tem dias que acordo assim, tenho “algo a fazer” e enquanto não cumpro, não sossego. Também não saberia lhes responder, mas de alguma forma, compartilhar com outras pessoas experiências de vida e poder perceber que não estamos sozinhos nessa caminhada, talvez seja uma forma de torna-la mais “leve” e proveitosa. Seria como sentar na beira da estrada numa sombra para apreciar a paisagem e então se sentir parte disso tudo.
É fato que nascemos e morreremos sozinhos e que o caminho de cada um é individualmente solitário em si, mas também entendo que essa necessidade em sermos seres sociais, seja uma forma de nos mantermos girando sob a egrégora de energias que se afinam e se compreendem parte de tudo como um todo.
Hoje inicio como peregrina em mim - um diário, um papo comigo, recordações, descobertas. Estou aqui, para quem gostar de ler e me conhecer melhor, se identificar, achar bobagem.
Haverá continuação...
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[Imagens...Desenhos que falam]

Informo que algumas das imagens utilizadas aqui, não são da minha autoria, tendo sido em sua maioria, provenientes do google imagens. Ficando assim, à disposição dos seus respectivos autores, solicitarem a retirada a qualquer momento. Agradeço.